
É algo maluco, e mais maluco ainda pensando no seguinte aspecto: as pessoas forçam umas as outras a terem razão, portanto ter razão é negativo; só que a busca pela razão é o que faz a pessoa ser realmente feliz e evoluir. Ter razão é uma coisa, forçar sua razão aos outros é outra completamente diferente. Não ter razão, inclusive, é perigoso: a pessoa pode ficar à mercê de qualquer coisa, e se deixar levar por pessoas que se dizem "evoluídas". Ou mesmo a pessoa pode se fechar, tornando-se obsoleta de si mesma, envelhecendo antes do tempo.
Uma conversa boa é quando nenhum lado levanta defesas e se abre para o outro de forma espontânea e amigável. Assim que novos conceitos são trabalhados, independentemente de serem aceitos ou não. Claro que há coisas que são consideradas reprováveis, mas e daí? Quando se levanta resistência, dá-se razão ao outro, e o próprio argumento se perde. Ultimamente algumas pessoas tornaram-se intragáveis de conversar, manipulando ideias e fatos, literalmente enlouquecendo as pessoas. Não se consegue contra-argumentar: a impressão que se dá é que a pessoa tem razão - mesmo sem razão nenhuma.
A organização do argumento é sempre porosa: pontos abertos que permitem a troca de conhecimentos e evolução das ideias. Um argumento muito sólido tende a não possuir sentido algum. Sim, é o oposto do que pregam hoje em dia. O óbvio continua fazendo sentido: ler e pesquisar sobre um assunto para se formular uma opinião. O que deixou de ser óbvio é a análise dos argumentos dos diversos pontos de vista, como um trabalho historiográfico. É muito gostoso sentir as diversas abordagens de um tema, sem se prender a um aspecto ou outro.
Talvez o ponto mais interessante em uma conversa hoje em dia seja o botão de resetar. Quando o interlocutor está quase convencido de um argumento ou ideia, ou mesmo sua mente se abre a um novo conceito, uma frase de efeito é dita e tudo vai por água abaixo. A conversa acaba e meio que a mente do interlocutor é reiniciada para que as novas ideias sejam excluídas de sua mente para que não surtam efeito na programação. Essa frase é meio que um jargão: é uma autoafirmação que dá a impressão de quebra da conversa. Pode ser um xingamento ou um rótulo, ou mesmo um argumento infantil.
Esse jargão quebra a conversa. Não dá pra falar mais nada, apenas se despedir de forma educada, ou mesmo mudar de assunto. Parece uma boa forma de defender-se de argumentos malucos ou tentativas de manipulação, mas acaba fragilizando a própria mente, que se questionada novamente sobre o assunto, levantará menos defesas. E após algumas repetições, o conceito é introduzido à força. Neutralizar isso requer apenas uma coisa: evolução.
Um ser evoluído não é manipulado com facilidade, e apenas um mais evoluído do que outro pode fazer essa reprogramação. Fora que a postura muda: uma pessoa mais evoluída é mais aberta a ideias, e não precisa levantar defesas para evitar questionamentos. Aceitar as próprias ideias e as ideias de quem está em contato já é um diferencial. Ter consciência do que se conversa, e mesmo das conversas alheias (não tô falando de fofoca, e sim analisar como se dá o diálogo entre pessoas), é uma fonte de conhecimento interessante e pouco valorizada. Sem esquecer a questão da evolução negativa: um ser evoluído para um lado negativo tem a mesma capacidade de um ser evoluído para um lado positivo.
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