
As pessoas são escravas de uma ilusão. Pode não haver os plugues (ainda) ou mesmo o Agente Smith não andar engravatado o tempo todo (há uns que usam chinelo e bermuda). O real pode não ser o real. Se você perguntar o que é realidade, ou mesmo se questionar, as coisas travam. A realidade está além da coxinha, da mortadela, e mesmo da coxinha de mortadela. E as pessoas são programadas a não questionar a própria realidade.
O problema que hoje em dia esse tipo de assunto está muito em voga, e isso não é lá muito bom. Afinal, o sistema se atualiza para manter o status quo. Não dá para quebrá-lo, destruí-lo: é algo que não se vê sem realmente olhar. E não dá para tirar todo mundo, fazer uma espécie de salvação coletiva. As pessoas não estão prontas, e acham tudo isso um tremendo absurdo. E algumas podem até encher o saco para largar dessa. Afinal, quem não é a gente, é agente.
Talvez seja difícil aceitar que um filme esteja falando de algo tão sério. Se fosse um filme como Nosso Lar, que todo mundo fica imaginando a realidade como aquilo depois de assistir, mas não: é algo que questiona a própria realidade, os próprios conceitos, a ponto de após o filme ficar matutando ou tentando esquecer. Há um livro muito bom sobre o filme (tirando os capítulos sobre Feminismo e sobre Comunismo) chamado Matrix, Bem-Vindo ao Deserto do Real, que discute filosoficamente cada cena.
A grande sacada do filme é apontar a saída do sistema: dentro de cada pessoa. Não é uma atitude externa, é despertar de si mesmo, da própria ilusão. Isso seria o perdão do "Pecado Original", por assim dizer. E assim descobrir-se sem limites ou regras. Talvez essa parte do final do filme seja pouco compreendida: mostrar às pessoas que elas são livres não seria às pessoas que dormem, mas sim àquelas que estão fora do sistema de alguma forma. A liberdade está dentro: as pessoas são escravas delas mesmas.
Ver o sistema é algo assustador e fascinante. Não adianta descrever com palavras: é necessário sentir. É tomar a pílula vermelha e nunca mais voltar ao que era antes. A promessa de liberdade é muito boa, mas há a pílula azul também: para alguns, a ignorância (ainda) é uma bênção. Saber demais envelhece antes do tempo, já alertava a bruxa d'A Bela Vasilisa. A Verdade pode chocar, enlouquecer, como na fábula das três pessoas que veem Deus: a primeira enlouquece, a segunda vira um fanático religioso e a terceira transforma sua experiência em música.
Esse filme é uma das linhas-guia do blog, e mesmo da minha vida, junto com o livro Power Vs. Force do David Hawkins. As pessoas temem enlouquecer, mas o caminho é de ida e volta: não se sai totalmente no sistema, apenas se desliga dele, mesmo vivendo em seu ambiente, imune a suas influências. Aí se pode falar de livre-arbítrio, com escolhas baseadas na própria consciência, e não fruto de programações externas. Quando se volta ao sistema, desplugado, não se volta como se saiu. Isso é revolução.
0 comentários:
Postar um comentário
Deixe seu comentário. Ao clicar em enviar, aparecerá uma caixinha de confirmação.